Nomenclatura

       Os nomes dados aos cometas tem seguido diversas convenções diferentes ao longo dos últimos dois séculos. Antes de qualquer convenção sistemática ter sido adotada, os cometas recebiam seus nomes de diferentes formas. Antes do início do século XX, a maioria dos cometas simplesmente eram referidos pelo ano em que apareceram, algumas vezes com adjetivos adicionais para cometas particularmente brilhantes. Assim, o "Grande Cometa de 1680" (Cometa de Kirch), o "Grande Cometa de Setembro de 1882", e o "Grande Cometa de Janeiro de 1910". Depois que Edmund Halley demonstrou que os cometas de 1531, 1607, e 1682 eram o mesmo corpo e predisse com sucesso seu retorno em 1758, aquele cometa se tornou conhecido como Cometa Halley. De forma semelhante, o segundo e terceiro cometas periódicos conhecidos, o Cometa Encke e o Cometa Biela, receberam os nomes dos astrônomos que calcularam suas órbitas em vez dos descobridores originais, mas cometas que apareceram somente uma vez continuaram a ser referidos pelo ano de sua aparição.

       No início do século XX, a convenção de se dar o nome dos descobridores aos cometas tornou-se comum, e permanece até hoje. Um cometa recebe o nome de até três descobridores independentes. Nos anos recentes, muitos cometas tem sido descobertos por instrumentos operados por grandes equipes de astrônomos e, neste caso, eles recebem o nome do instrumento. Por exemplo, o cometa IRAS-Araki-Alcok foi descoberto independentemente pelo satélite IRAS e pelos astrônomos amadores Genichi Araki e George Alcock. No passado, quando múltiplos cometas foram descobertos pelo mesmo indivíduo, grupo de indivíduos, ou equipes, os nomes dos cometas recebiam um número após os nomes dos descobridores (mas só para cometas periódicos), assim temos os cometas Shoemaker-Levy 1-9. Hoje, grandes números de cometas descobertos por alguns instrumentos tornaram este sistema impraticável, e não se tem feito nenhum esforço para garantir que cada cometa tenha um nome único. Em vez disso, a designação sistemática de cometas é usada para evitar confusão.

       Até 1994, os cometas recebiam uma designação provisória consistindo do ano de sua descoberta seguido por uma letra minúscula indicando sua ordem de descoberta naquele ano (por exemplo, o cometa 1969i (Bennett) foi o nono cometa descoberto em 1969). Uma vez que o cometa tenha sido observado pelo periélio e sua órbita estabelecida, o cometa recebia uma designação permanente do ano de seu periélio, seguido por um numeral romano indicando sua ordem de passagem no periélio naquele ano, assim o cometa 1969i passou a ser o cometa 1970 II (ele foi o segundo cometa a passar no periélio em 1970).

       O número cada vez maior de cometas descobertos tornou este processo problemático, e em 1994 a União Astronômica Internacional aprovou um novo sistema de nomenclatura. Os cometas agora recebem o nome do ano de sua descoberta seguidos por uma letra indicando a quinzena da descoberta e um número indicando a ordem de descoberta (um sistema parecido ao usado para asteroides), assim o quarto cometa descoberto na segunda quinzena de fevereiro de 2006 deve receber o nome de 2006 D4. Os prefixos são adicionados para indicar a natureza do cometa:

  • P/ indica um cometa periódico (definido como um cometa com período orbital menor que 200 anos ou com observações confirmadas em mais de uma passagem pelo periélio);

  • C/ indica um cometa não periódico (definido como qualquer cometa que não é periódico de acordo com a definição acima);

  • X/ indica um cometa para o qual não se tem uma órbita confiável calculada (geralmente cometas históricos);

  • D/ indica um cometa que se partiu ou foi perdido;

  • A/ indica um objeto que foi identificado por engano como cometa, mas é na verdade um asteroide.

       Após a observação de sua segunda passagem pelo periélio, cometas periódicos também recebem um número indicando a ordem de sua descoberta. Assim o cometa de Halley, o primeiro a ser identificado como periódico, possui a designação sistemática de 1P/1682 Q1. A designação do cometa Halle-Bopp é C/1995 O1.

       Às vezes, a regra de batizar o cometa com o nome do seu descobridor não é respeitada. Assim ocorreu quando dois cometas foram descobertos em janeiro de 1965 no Observatório de Tsuchinshan (A Montanha Vermelha) localizado na China. Na ausência dos seus descobridores decidiu-se designá-los de Tsuchinshan 1 (1965 I) e Tsuchinshan 2 (1965 II).

       Existem apenas cinco objetos que aparecem tanto na lista de cometas quanto de asteroides: 2060 Chiron (95P/Chiron), 4015 Wilson-Harrington (107P/Wilson-Harrington), 7968 Elst-Pizarro (133P/Elst-Pizarro), 60558 Echeclus (174P/Echeclus), e 118401 LINEAR (176P/LINEAR).

 

 

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